Encontro temático “Mediação sócio-cultural”
No passado dia 16 de Junho o Projecto Encontros organizou, em colaboração com a Câmara Municipal de Moura, um encontro dirigido a técnicos e dirigentes da área social, sobre mediação sócio-cultural. Este tema surge em convergência com o plano de desenvolvimento social para o concelho de Moura, que coloca a mediação como uma estratégia para a promoção da participação cívica das comunidades ciganas. Assim, o projecto tomou a iniciativa de convidar dois mediadores ciganos para nos ajudarem a reflectir e construir propostas neste âmbito.
Encontro Temático
Tivemos a oportunidade de ouvir Bruno Gonçalves, mediador há 10 anos, actualmente formador de mediadores, consultor sobre comunidades ciganas em vários organismos, tais como o ACIDI, e dirigente associativo no S.O.S. Racismo e Associação Cigana de Coimbra.
João Pedro Barão, mediador no Hospital de Beja, também partilhou a sua experiência em contexto de saúde, muito reconhecida quer pelo pessoal do hospital, quer pelos seus utentes.
Com a ajuda destes dois especialistas pudemos conhecer melhor o papel do mediador e os estilos/técnicas de mediação mais utilizados no nosso país. De acordo com as palavras do Bruno Gonçalves, o mediador é a pessoa que faz a ponte entre 2 pessoas, pessoa/instituição ou 2 instituições, aproxima-as, cria condições para que comuniquem e depois sai de cena, sem emitir opiniões ou solucionar os conflitos. Foi destacada a importância do perfil do mediador. Tem de ser alguém reconhecido e respeitado pelas duas comunidades que estão de costas voltadas, no caso de mediadores sócio-culturais que intervêm com a comunidade cigana em Portugal, as experiências relatadas escolheram mediadores pertencentes à comunidade cigana, olhado com consideração pela comunidade e instituições da comunidade não cigana.
Estes mediadores podem ser uma mais-valia em vários contextos: escolar, de saúde, laboral, comunitário, entre outros.
Em Portugal como ainda não temos definido o perfil de competências e o estatuto legal desta nova figura, tem sido difícil dar continuidade ao trabalho iniciado em muitos lugares em que estes mediadores foram formados e colocados através de programas do IEFP ou projectos, sempre limitados no tempo e que não permitem a continuidade necessária a um trabalho de fundo de aproximação das comunidades, fomento do respeito mútuo e da convivência pacífica.
Na segunda parte do encontro o grupo de técnicos e instituições participantes reflectiram e fizeram propostas à volta das seguintes questões:
1. A mediação pode ser uma solução para a integração escolar das comunidades ciganas?
2. Poder-se-ia implementar no nosso território?
3. Como seria o mediador ideal no nosso concelho?
4. Que papel poderiam ter as várias entidades na "preparação de terreno" para a mediação?
O fruto destas conclusões será agora organizado pela equipa técnica do projecto Encontros descrevendo em relação à mediação sócio-cultural as oportunidades, os recursos, os obstáculos e algumas propostas de acção. Esta síntese será remetida para as instituições que serão potencialmente interessadas e envolvidas neste processo.
Entretanto foi também construído um conjunto de posters que juntam boas práticas desenvolvidas noutros países europeus na área da Mediação.
Lembramos que todas as informações sobre este encontro, pesquisas e uma biblioteca especializada sobre as comunidades ciganas encontram-se disponíveis no nosso Centro de Recursos Itinerante. Se tiverem interesse por estas matérias contactem-nos!
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