Testemunho de uma Imigrante Brasileira no Montijo
Concluo que a mão-de-obra imigrante é quase sempre mais "flexível". Os imigrantes têm uma enorme vontade de vencer, uma grande ambição e agarram as oportunidades que estão em aberto.
Relativamente ao racismo, apesar de continuar a existir, penso que o mesmo tem vindo a diminuir, mas tenho consciência que ele existe e que, se não pensarmos sobre essa questão, ele continuará a existir. Porém, se pensarmos um pouco, perceberemos que, se temos este preconceito em relação a uma determinada pessoa, devido a um aspecto da sua aparência física, ou devido a sua nacionalidade, isto não tem razão de ser!
É necessário todos nós fazermos um "enorme" esforço para combater o preconceito, o estereótipo e todas as formas "invisíveis" de discriminação, que são muito injustas!
Eu, por ser imigrante, sei o que é não ser aceite, mas também nunca baixei os braços para a minha situação, pois a minha intenção sempre foi a de revolucionar os acontecimentos!
Quando cheguei do Brasil, há 8 anos, via e ouvia toda a gente falar português e sentia-me mais em casa, o facto da língua ser a mesma dá-nos um à vontade…
Penso que, também tive a sorte de conhecer pessoas de mente aberta, que sempre me aceitaram como eu sou verdadeiramente.
Acho que o que existe hoje é uma enorme ignorância dos factos, pois, para mim, os menos esclarecidos são os que cultivam todas as formas de racismo, preconceitos e estereótipos. Eu tenho uma história de falta de esclarecimento para vos contar: Vivia eu em Cascais e, quando me mudei para o Montijo, o meu primeiro obstáculo foi exactamente o racismo. Havia uma senhora que já tinha combinado com uma das minhas amigas que tinha uma casa para arrendar. Todavia, quando eu fui ter com ela para fazer o contrato de arrendamento, a mesma virou-se para nós e disse: "olha eu não arrendo a casa a pretos". Foi naquele momento que eu percebi que o racismo estava vivo, mas não me dei por vencida e por isso, comecei a participar em reuniões de associações de imigrantes para saber qual a realidade de Portugal.
Hoje, sou voluntária no Projecto TU KONTAS, na cidade do Montijo , que a meu ver tem contribuído muito para atenuar o racismo e a discriminação em Portugal, pois a mentalidade da população é a imagem que eles têm das diferentes etnias e raças.
CIRLENE PEREIRA- 30 ANOS (Brasileira)
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