UMA ESCOLA MULTICULTURAL
Na Escola Básica e Secundária de Santo António, realizou-se, no dia 29 de Abril, uma actividade que tinha como temática o Português como língua não materna, destinando-se a demonstrar à comunidade educativa o trabalho que era desenvolvido com os alunos cuja primeira língua não era a portuguesa. Esta iniciativa estava integrada na "Semana Entre Culturas" promovida pelo Projecto Cidade Jovem (Barreiro).
Semana Entre Culturas
A sessão iniciou-se com uma apresentação, feita pela professora Manuela Espadinha, do Projecto de Português Língua Não Materna: a sua componente legal, a integração dos alunos oriundos dos diferentes países e o trabalho que era desenvolvido na Escola para que estes fossem, aos poucos, conhecendo ou aperfeiçoando o seu desempenho na língua de Camões.
Depois procedeu-se à apresentação das professoras envolvidas no Projecto: Manuela Espadinha, Isabel Salústio e Jorgete Teixeira. Os alunos também se apresentaram na sua língua materna. Em seguida, surgiram os poemas, ditos por vozinhas às vezes frágeis pela vergonha de assim se exporem a público. E foi uma mistura de sons, palavras, umas mais estranhas, outras um pouco mais perceptíveis, numa musicalidade variada que prendeu a atenção dos ouvintes pela sua diversidade: era a doçura dos crioulos de Cabo Verde, da Guiné Bissau, de São Tomé, o português com sotaque de Angola e Moçambique, o inglês, o françês, o romeno, o paquistanês. E havia ainda balões em árabe e em mandarim, além de outras línguas, espalhados pela sala. E os que assim intervieram, tiveram orgulho na língua com que pronunciaram as primeiras palavras e que ainda hoje utilizam em casa e com os amigos mais chegados. E a assistência ouvia espantada pois não tinha consciência de que se falavam tantas línguas na Escola.
No final cantou-se em coro "Sodade" de Cesária Évora. Talvez para realçar aquilo que une os países da lusofonia e também para salientar esse sentimento tão português e que, mesmo sem ser nomeado em outras línguas, não deixa de ser sentido por todos aqueles que se ausentam da sua pátria.
E foi assim vivida a multiculturalidade na Escola. Mais do que as palestras que pudessem ser proferidas, as vozes dos alunos, principais intervenientes neste processo, serviram para unir, para mostrar que a verdadeira beleza está na diversidade e que não há línguas mais importantes que outras, em todas elas se exprime o amor ou a raiva, com todas elas se declara a guerra ou a paz, com todas elas se aprende a viver em tolerância.
Maria Jorgete Teixeira Professora de Língua Portuguesa e Português Língua Não Materna (professora colaboradora do Projecto Cidade Jovem)
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